Memórias de uma visita

por Patrícia Azevedo Godinho, ENTRE MEMÓRIAS - Educação Patrimonial Itinerante®


Créditos: Patrícia Azevedo

Quando se fala em Educação Patrimonial fala-se de um processo de identidade. É importante falarmos do património e dos bens culturais daquela comunidade e não de outra. Torna-se mais eficaz e efetivo. Mas também afetivo.

Mas será que esta premissa é assim tão facilmente entendida por todos os públicos?


Recordo-me tão bem de receber um grupo de crianças e jovens, de idades mistas, entre os 6 e os 12 anos, em pleno período de verão. Recebia-os num dos núcleos museológicos do Museu Municipal de Sesimbra, a Capela do Espírito Santos e dos Mareantes. Um núcleo de arte sacra, com um hospital medieval, situada no centro da vila. Recebia-os em pleno verão, a dois passos da praia e, precisamente, antes daqueles jovens irem efetivamente à praia.

Como captar a atenção destas crianças e jovens? Foi difícil, como devem imaginar. Mas só no início.

Logo no início da visita tive de ser mais dura nas minhas chamadas de atenção. Tinham mesmo de estar ali comigo cerca de uma hora antes de irem para a praia, com o propósito de conhecer o museu e ouvirem as histórias daquele lugar. E a certa altura disse-lhes:

"- Isto é vosso, sabiam?
- Meu?!
- Sim, teu. Meu também, mas é mais vosso do que meu, porque vocês moram aqui e eu não."

O que lhes fui dizer! Nenhuma mentira é certo.
Aquela visita ficou-me na memória (e já passaram uns... 7, 8 anos!). No final nenhum deles ficou indiferente à visita, ao que fizemos em conjunto, à experiência. Não queriam sair.
Agradeceram-me, inclusivamente, por lhes mostrar algo tão valioso.

Algo que passou a ser afetivamente deles.


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